segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A TECNOLOGIA COMO CALMANTE DOS EDUCANDOS?

Durante meu estágio curricular, mesmo depois dele e até hoje a vida em minha Escola sofreu transformações que valem a pena de serem relatadas. Os meus colegas professores começaram a pedir que desse umas dicas de tecnologias, no mês de maio incentivei a alguns deles a realizarem um curso oferecido pela secretaria de educação de nosso município, eram vários cursos, mas os colegas se inscreveram no curso básico de informática na educação, neste mesmo período para demonstrar junto aos colegas meu interesse em aprimorar nossos conhecimentos e que mesmo estando adaptada a uma vida virtual, também realizei o módulo do curso de Elaboração de Projetos. Também neste mês criamos o BLOG da Escola, que hoje se encontra parado, notei que foi só empolgação por parte dos colegas momentaneamente.
No turno da noite atuo com turmas da EJA, Etapa III, que corresponde a 5ª série do ensino de oito anos. Na EJA os alunos têm aulas por áreas do conhecimento e a minha é a Área de Linguagem (Língua Portuguesa, Literatura e Inglês) constantemente levo os alunos ao Laboratório de Informática da Escola. Observo que quando os colegas olham nosso movimento da sala de aula para este espaço, logo tem alguém necessitando de um livro ou outro material. Na realidade percebo pelas perguntas do tipo: --Maria, como tu faz isto, parece que tu deste calmante para os alunos? Que é mais curiosidade sobre o porquê desta turma tão agitada estar concentrada.
Esta pergunta vem de encontro à personalidade dos alunos da turma que tenho a noite. São alunos em sua maioria adolescentes, entre 15 e 17 anos, que foram excluídos do ensino diurno por estarem apresentando problemas de disciplina e aprendizagem, pois segundo o que ouvi passaram do nível de maturidade dos alunos da 5ª série do dia. Claro que nem todas as aulas utilizaram o LI, mas na maioria delas sim e mesmo na sala de aula não encontro problemas de disciplina com os alunos.
Observo que os alunos trabalhando em grupos se auxiliam, temos na aula monitores que me ajudam a ensinar o acesso à ferramenta e a internet, que para nós este semestre está sendo uma novidade. Já trabalhamos com ferramenta de busca para pesquisa do tema Pátria. Já editamos texto no editor próprio do programa dos computadores. Com os alunos trabalhando em grupos maiores pelas poucas máquinas percebo que eles realizam mais combinados para que ninguém fique prejudicado, no tempo, no uso.
No turno da noite estou iniciando um trabalho junto a uma colega, em uma de minhas noites livres, professora da turma de Alfabetização de Adultos. Ela não tem experiência e pediu que realizasse um projeto de alfabetização digital de sua turma e dela. Acredito que estas pequenas ações estão fazendo parte de minha intenção de inclusão da Escola nas tecnologias.
Outra experiência que farei o relato e possui um significado importante é que neste momento, na Escola estamos enfrentando um problema de violência muito grande. Os alunos do turno da manhã, principalmente os de 5ª série do ensino fundamental de oito anos, reúnem-se em grupos, que eles chamam de “gangue” e cometem atos de bullying,o que ocasionou motivo de conversas entre o grupo docente.
Outro grave problema é que estes alunos são oriundos em sua maioria de famílias onde a drogatização é muito presente e este fato está chegando à escola. Foi chamado um grupo de a Brigada Militar para que conversasse com um grupo específico de alunos e em sua palestra pudesse orientar melhor os alunos.
No turno da manhã trabalho como bibliotecária e até pouco tempo estava substituindo a professora de inglês, que estava vago em nosso quadro. Como tenho um bom relacionamento com os alunos, fui chamada para esta reunião e convidada a realizar um trabalho de prevenção ao bullying e as drogas. São 15 alunos, todos meninos.
Em minha turma de estágio curricular passei por situações parecidas com as que estes alunos enfrentam. Vejo que como sou apenas eu trabalhando com projetos com meus alunos, consigo resolver ou amenizar muitos. Já ouvi muitas colocações como, por exemplo:- -- Como tu estas conseguindo estes milagres com o aluno X ou Y? Não são milagres, é um trabalho de amor e respeito mútuo que tenho com meus alunos. É uma prática voltada para a realidade deles e com a participação efetiva deles. Nas turmas de 5ª serie no qual estes alunos estão eles tem seis professores diferentes e acredito estarem perdidos.
Iniciei uma então uma caminhada com estes alunos. Foram quatro dias por semana e duas horas por dia no mês de setembro. Para “acalmar” esta turma utilizei o que mais chamou atenção deles na biblioteca que foram os computadores. Iniciamos com uma pesquisa teórica em ferramentas de busca sobre bullying. Todo material encontrado era anotado pelos alunos que trabalharam em grupos de cinco alunos.
Depois da pesquisa teórica resolvemos fazer um Teatro sobre bullying. Como parte do teatro os alunos fizeram alusão a uma aula onde o professor explicava aos alunos sobre o tema. No lugar do quadro nosso recurso foi o projetor multimídia, onde apresentamos slides. Os alunos não sabiam como fazer slides então ensinei. Notei que aprendem de forma rápida. Em nossos slides apareceram muitas imagens, algumas pesquisadas na ferramenta de busca na internet e outras foram fotos que tiramos com a máquina digital da Escola. As imagens com a máquina digital foi um novo aprendizado, pois tive que ensinar a colocar as fotos no computador e ajustar as imagens. As análises da falas dos alunos serão colocadas no sub-capítulo 4.2.
Como “calmante dos educandos” a tecnologia foi muito eficaz. Obteve também uma grande relevância para desacomodar meus colegas educadores, mas como nos coloca Moran:
Podemos modificar a forma de ensinar e de aprender. Um ensinar mais compartilhado. Orientado, coordenado pelo professor, mas com profunda participação dos alunos, individual e grupalmente, onde as tecnologias nos ajudarão muito, principalmente as telemáticas. (Moran, 1999)
É desta forma que vejo quando inovo em todos os meus turnos de trabalho, que é demonstrando um fazer diferenciado aos meus colegas que iremos ajudar nossos alunos em uma aprendizagem mais libertadora. Esta não seria possível sem as palavras que escuto dos alunos, como por exemplo: ___Professora Maria, porque só teus alunos tem aula de informática? Costumo responder que o LI é para todos e já vieram colegas me falarem que eles gostariam ter aulas neste espaço, como é o caso da turma de Alfabetização que já está iniciando um trabalho incentivado pela vontade dos alunos.
Surge a questão norteadora a ser respondida: “Quais os efeitos do uso de Tecnologia em uma escola da periferia de Gravataí?” Para tal façanha apresento a seguir a metodologia adotada nesta pesquisa.

Um comentário:

Geny disse...

Querida aluna Maria Bitelle!

Dá para perceber que valeu a pena, você esta sendo uma motivadora e mediadora de seus colegas, muito bom saber, que o Curso PEAD deu embasamento para tais mudanças na sua Escola.
Você já esta pensando após o TCC a Pós-graduação, é bom ir pensando?

Obrigada por sua postagem, vou sentir falta dessa interação!

Um grande abraço,

Geny