segunda-feira, 18 de outubro de 2010

EDUCAÇÃO LIBERTADORA NO MUNDO TECNOLÓGICO!

... o meu respeito da identidade cultural do outro exige de mim que eu não pretenda impor ao outro uma forma de ser de minha cultura, que tem outros cursos, mas também o meu respeito não me impõe negar aos outros a curiosidade que ele possui e o que ele quer saber mais daquilo que sua cultura propõe (FREIRE, 2003, p.130).

Para Freire devemos respeitar a identidade cultural dos indivíduos, mas também mais do que eles sabem, ou seja, sair da realidade que os circunda para explorar o que o mundo fora tem a oferecer.
Nas classes populares, nós educadores, muitas vezes deixamos de levar conhecimentos diferentes aos nossos alunos, por pensar que eles não terão condições de acompanhar tendo em vista a realidade em que vivem os excluindo e deixando a mercê de falta de informações da modernização em que se encontra nosso país.
Como libertar as expressões de nossos jovens neste mundo em que o capital domina? Com uma educação voltada para que estes aprendam a pensar, a criticar e a manusear todo tipo de tecnologia que o mundo moderno nos dispõe. É obrigação de a Escola lutar pelo direito de dignidade de seus alunos. Freire nos coloca que:

[...] o exercício de pensar o tempo, de pensar a técnica, de pensar o conhecimento enquanto se conhece, de pensar o quê das coisas, o para quê, o como, o em favor de quê, de quem, o contra quê, o contra quem são exigências fundamentais de uma educação democrática à altura dos desafios do nosso tempo (FREIRE, 2000a, p. 102).

Como parte do desenvolvimento da criticidade em nossos alunos, necessitamos adentrarmos na libertação pela tecnologia. Mesmo Freire tinha um pensamento a respeito da evolução do humano pela tecnologia e com suas palavras colocou “Faço questão enorme de ser um homem de meu tempo e não um homem exilado dele” (FREIRE, 1984a, p.1). O autor chega a observar que as questões tecnológicas são políticas e que a sociedade será transformada quando todos os homens apropriarem-se desta e incorporarem a uma educação libertadora. Assim, quando aliada a educação, à tecnologia deve ser utilizada com a finalidade de levar esses conhecimentos aos alunos, para que estes estejam “inseridos” nas mudanças ocorridas no mundo. Neste sentido, salienta-se que usaremos as novas culturas, neste caso as tecnológicas, para transformar o mundo.
Para Freire devemos usar a tecnologia sem “... divinizá-la.” (FREIRE, 1992, p.133) e sim dialogar sobre seu uso de forma abrangente, considerando que as máquinas podem auxiliar o ser humano, mas não devem se tornar o elemento principal destes. Nesta concepção do uso da tecnologia em favor da aprendizagem, os educadores devem estar bem preparados como mediadores e aprendizes junto aos seus alunos, pois corremos o risco de entrarmos na onda do consumismo gerado pelo sistema capitalista em nosso país onde o ter é muito mais importante do que ser, sendo assim gerada uma desigualdade social extremamente grande, onde a pobreza cada dia aumenta mais e o poder de vida digna diminui.
Não devemos deixar de colocar as diversas visões do uso da tecnologia aos nossos alunos. Sempre refletindo sobre uma educação que liberta e não que nos amarra e massifica, isto é, que não deixa aos educandos liberdade de expressar suas idéias individualmente e de maneira criativa. Para que haja a inclusão da tecnologia na Escola, é necessário que esta desenvolva uma visão inovadora, considerando fundamentalmente o humanismo, a partir da conservação das relações entre professores e alunos, que são os atores principais neste grande palco que é a educação na escola do século XXI.
REFERÊNCIAS:
Conversa com Paulo Freire – BOLEMA,
Boletim de Educação Matemática, Ano 16, n.20, 2003.
FREIRE, Paulo. A máquina está a serviço de quem? Revista BITS, p. 6, maio de 1984
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra: 1968b.
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Por que Paulo Freire em meu TCC!

Desde 1982 quando me formei no magistério tive a Referência em Paulo Freire. Na ápoca em que iniciei minha carreira como educadora, adorava as idéias desde autor, porém via como Utopia, pois nossa realidade passava longe de uma educação libertadora!
Hoje posso afirmar que posso referedar meu TCC com as palavras de Freire, este mestre que tinha idéias tão a frente de seu tempo nos trás a tecnologia como algo importante na libertação dos homens. Que sejamos nós educadores a levar uma educação libertadora neste mundo novo em que nossas Escolas se encontram, o mundo digital e virtual.

Um comentário:

Geny disse...

Querida aluna Maria!

A Reflexão referente às idéias de Paulo Freire é questionadora e deve se levar em consideração numa sala de aula, as crianças e adolescentes das classes populares talvez tenha dificuldades no letramento, todavia são mais experientes nas estratégias de sobrevivência e deve ter as mesmas oportunidades, sem descriminação.

Obrigada por sua postagem!

Um grande abraço,

Geny